quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Música do Quaderna!

Sobre o CD (lançado em 2006)...

Em 14 faixas, o CD do Quaderna faz uma importante revitalização e valorização de músicas que marcaram época, além de inéditas que misturam ritmos que até hoje marcam. Tudo começou quando afinidades foram percebidas nas experiências pessoais de Allan e outra do Cincinato.

Na primeira Bienal Internacional de Música de Belém, Allan passou um projeto sobre vida e obra do Ary Lobo, que foi logo editado e apresentado. Ao mesmo tempo, paralelamente, Cincinato pesquisava, pela UFPA, as manifestações culturais da quadra junina em Belém e acabou verificando que elas, apesar de acontecerem na Amazônia, eram em sua maioria de raiz nordestina. A partir daí, juntos, viram a possibilidade de estudar essa matriz nordestina na música feita na Amazônia, sobretudo no Pará.

Quando começaram a executar o estudo, perceberam que compositores paraenses, em períodos diversos, apresentam essa raiz nordestina em seus trabalhos, citando como exemplo Raimundo Satyro de Mello (primeiro a gravar uma embolada, na década de 30, de acordo com o professor Vicente Salles). Os traços nordestinos são encontrados ainda em composições do maestro Waldemar Henrique (como no 'Coco Peneruê'). Foram vistos ainda registros, pelo antropólogo Sant'Ana Nery, de cantos de coco e embolado nas proximidades de Manaus, ainda no século XIX.
O grupo concluiu que toda essa influência se deve, em grande parte, ao movimento migratório de nordestinos para a Amazônia. O estudo do Quaderna indica quatro momentos onde se faz presente a mão do Estado nesse movimento: o primeiro quando ocorre em 1870, com uma grande seca nordestina que durou cerca de 10 anos. Naquele momento, uma das saídas foi trazer os nordestinos para a Amazônia; o segundo, no Ciclo da Borracha (fim do século XIX e durante a II Guerra Mundial, com os soldados da Borracha), que de certa forma está relacionada com o ciclo anterior, e o nordestino é tirado das grandes cidades para ocupar as regiões de mata. Essa população se espalha em áreas do Acre ao Marajó; um terceiro momento é uma ocupação marcante, no nordeste paraense, com a construção da estrada de ferro Belém-Bragança e colonização da Zona Bragantina. O quarto período, mais recente, é a ocupação da Amazônia Oriental com grandes projetos, como a construção da Transamazônica, Projeto Grande Carajás, entre outros.
Com essa contextualização histórica foi constatada que a presença do nordestino é forte na região durante toda a construção da identidade amazônida. Essa 'nordestinidade' é constante em composições de músicos que vão de Ary Lobo a Arraial do Pavulagem, Pedrinho Cavalero, entre outros.
Ary Lobo aparece na pesquisa como o grande nome da Amazônia, que se projeta nacionalmente, com uma identidade musical nordestina. Várias composições fizeram sucesso na voz dele, tornando-se “hinos” nordetinos, como ”O Último Pau-de-Arara”, “Súplica Cearense” e “Eu vou pra Lua”.
Outro fato importante do Quaderna, na composição deste seu primeiro trabalho, foi a parceria de Camilo Delduque, poeta e compositor, que entrou no grupo bem no meio da pesquisa. Colaborou em especial com a parte poética, tanto inseridas nas músicas, quanto nos poemas distribuídos no CD. Outros artistas de grande importância no cenário amazônico figuraram neste disco, tais como: Walter Freitas, Ronaldo Silva, César Escócio, Eudes Fraga etc, todos levando ao Quaderna uma parcela de “nordestinidade” marcadas em suas artes.
Toda a pesquisa deu subsídios para que o Quaderna buscasse, em suas próprias composições e parcerias, essa identidade, e criar, recriar e experimentar músicas com esse “sotaque nordestino”. Houve ainda uma grande soma no trabalho com a aproximação do Quaderna com o cantor e compositor Oswaldo Oliveira (Vavá da Matinha). Além de contemporâneo e amigo, ele teve composições gravadas por Ary Lobo.

Obs.: o Quaderna gravou seu primeiro CD através da Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação Artística, do Instituto de Artes de Pará – IAP. Contou ainda com o patrocínio da empresa TIM – Viver sem Fronteiras, por intermédio da Lei Semear, de incentivo à Cultura no Pará.

Fonte: http://www.orm.com.br/

5 comentários:

O Movimento disse...

Demorou mas chegou, mas valeu a pena esperar. está muito bom.
Parabéns!
bjs

Nathalia Lima

Quaderna disse...

Bondade suA! Valeu, querida!... Bjs, Allan.

Sabrina. disse...

Allan, coloca aquele link que tinha no som barato pra galera baixar o cd. O som barato foi tirado do ar pelo google e muitos daqueles links foram perdidos. Um atentado à livre informação.

No mais, parabéns pelo blog, tá bacana.

Beijos da Sabrina.

victor/palheta disse...

Esta semana eu termino o que está me matando, aí faço as paradas todas, não se procupe!

Quaderna disse...

Realmente... Vou colocar logo essas e outras músicas do Quaderna!
Abs em todos!
Allan